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COM A ESTOCAGEM DO GÁS, CONSIGO DAR ESTABILIDADE DE PREÇOS.

Uma das maiores produtoras independentes de gás do país, a Origem Energia, que cresceu com a compra de ativos da Petrobras, já planeja uma abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores no próximo ano.

A intenção é acelerar projetos que vão da criação de um centro de estocagem de gás para outras companhias em Alagoas à construção de termelétricas, além do uso de GNL (gás em estado líquido) para estimular a indústria no interior.
Em entrevista ao GLOBO, Luiz Felipe Coutinho, CEO da companhia e um dos sócios fundadores da empresa, explica que a meta é tornar a companhia um “hub de energia”. Apesar da incerteza com a eleição, o executivo lembra que está acelerando seu plano de negócios para aproveitar a esperada “agenda desenvolvimentista”, que, em sua opinião, vai ocorrer em 2023, seja com um novo governo ou com a recondução do atual.

Como a guerra entre Rússia e Ucrânia vem alterando o cenário energético global?
Haverá um maior nacionalismo energético em função da guerra na Ucrânia e uma necessidade de menor dependência de recursos estratégicos de terceiros. E nesse caminho o Brasil tem um problema relacionado ao gás natural. Importamos 50% da nossa demanda de gás natural e baseamos a nossa matriz de gás natural no GNL (gás em estado líquido) importado.
E um dos caminhos que a Origem busca é viabilizar o gás natural doméstico, através da estocagem. É uma solução de estocagem de gás natural doméstico, no estado gasoso.

E de onde surgiu essa ideia?
O Brasil tem fontes produtoras de gás natural e reservatórios de gás natural em terra, mas caminha para um modelo lastreado no gás importado. Quando fundamos a companhia, fizemos um mapeamento de todos os ativos terrestres que estavam disponíveis, não só à venda pela Petrobras, mas nos leilões da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

E qual é o valor desse investimento?

Queremos iniciar essa disponibilidade de estocagem no primeiro trimestre de 2023. É um investimento em torno de US$ 70 milhões somente na infraestrutura em Alagoas. Basicamente são compressores associados aos reservatórios.

Estamos em negociações com grandes majors (petroleiras), já que o Polo Alagoas está conectado à malha de transporte nacional. A capacidade de estocar será de 1,5 bilhão de metros cúbicos de gás natural.
Isso corresponde a 20 vezes a capacidade de armazenamento do mercado de gás natural brasileiro, que hoje é de 70 milhões de metros cúbicos por dia. Esse serviço nunca foi ofertado no Brasil e é mais barato do que estocar no estado líquido (GNL). É o modelo para o qual todos os países desenvolvidos migraram. Os EUA têm capacidade de estocagem de mais de um trilhão de metros cúbicos por dia.

Como isso pode viabilizar a indústria local?

O Brasil usa hoje na indústria o GLP (botijão). Talvez seja o único país do mundo. Essa demanda migraria naturalmente para o gás natural em função da maior eficiência econômica, ambiental e logística. Hoje não tem uma indústria de fertilizantes no país, mesmo tendo um dos maiores mercados agrícolas do mundo, em função do custo do gás natural, que é o seu principal insumo.
Com essa estocagem, consigo dar estabilidade aos preços, criando diferentes formas de precificação. Hoje, o Brasil só tem um prato no cardápio, com a precificação e as condições impostas pela Petrobras.
Já temos pedidos de indústrias querendo migrar para Alagoas em função da oferta de gás natural, perguntando sobre a nossa disponibilidade futura de gás natural para que eles venham a se instalar no estado.